Na contramão do mundo, o Brasil continua a surpreender. Seja pela negligência nos protocolos de combate ao Covid, seja pela proporção de mortes provocadas pelo estado, o excesso de malefícios provocados por uma gestão como a atual divide opiniões ao apresentar alguns números recordes em apreensões de entorpecentes.
Legalização e apreensões
Enquanto estados norte-americanos noticiam grandes ganhos econômicos e grande queda em 93% nas apreensões de cannabis ilegal, segundo estudo publicado na última segunda (17) na revista científica Addiction, no Brasil, a realidade é oposta.
A legalização, acompanhada por um aumento do cultivo doméstico, reduziu também as importações ilegais do México e, mesmo frente as dificuldades em diferenciar a maconha legal da ilegal, os esforços de fiscalização e apreensão são cada vez menos urgentes, já que a sociedade como um todo se beneficia dos reflexos da legalização.
No Brasil
Mato Grosso do Sul
Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), das cinco principais drogas apreendidas no Mato Grosso do Sul, a maconha lidera o ranking, com cerca de 103 toneladas nos dois primeiros meses do ano, contra 33 toneladas no mesmo período de 2020.
O aumento de 212% teve como fator primordial a demanda aliada a grande oferta. A área de fronteira seca do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, permite que as organizações criminosas continuem com trabalho intenso de envio de drogas para o Brasil, através de estradas limítrofes e desvios.
Paraná
Segundo o balanço da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) divulgado na última terça-feira (18), as polícias Civil e Militar do estado apreenderam, no primeiro trimestre de 2021, 61,7 toneladas de drogas.
Houve aumento de 148%, se comparado com o mesmo período do ano passado, quando 24,9 toneladas foram apreendidas. Entre os entorpecentes apreendidos estão maconha, com um total de 60.675 quilos apreendidos, e aumento de 162,7% em relação ao primeiro trimestre de 2020, com 23.095 quilos.
Curiosamente, as apreensões de cocaína tiveram queda de 36,23%: 782,3 quilos de cocaína foram apreendidos, sendo 444,4 quilos a menos que no comparativo com 2020, com pouco mais de 1,2 mil quilos apreendidos. Apreensões de crack também tiveram queda de 42,59%, de 590,8 quilos no ano passado, houve diminuição para 339,7 quilos neste ano.
Fica claro que o mercado ilegal apresenta diversas facetas que dificilmente serão combatidas sem que haja discussões legítimas e coerentes acerca do uso de entorpecentes, principalmente a maconha. Enquanto isso, o crime organizado continua se organizando. E a legislação brasileira caminha a passos curtos e lentos e, enquanto se distancia da legalização, abre espaço para problemas cada vez maiores.