Bob Burnquist é uma verdadeira lenda do skate mundial. O atleta marcou a história do esporte, como maior medalhista da história do X Games, com um total de 30 medalhas. Hoje, Bob é presidente da Confederação Brasileira de Skate, e está em solo oriental, acompanhando os atletas do skate brasileiro nas Olimpíadas de Tóquio.
Vale lembrar que esta é a primeira edição que considera o esporte uma modalidade olímpica, e nessa, o Brasil já fez história! A maranhense de 13 anos Rayssa Leal se tornou a brasileira mais jovem a receber uma medalha olímpica, com a prata no Skate Street feminino, junto do paulista Kelvin Hoefler, medalhista de prata, na categoria Skate Street masculino.

“O skate é interessante porque pode entregar momentos culturais, de demonstração. A gente montou a Megarampa na abertura das Paralimpíadas no Rio. Foi uma pequena aparição. Nada impede de isso acontecer nessa ou em outra. Dá para a gente montar, vamos supor, no surfe, num dia sem onda. Vai ter algo para esse tempo de espera. Um dia talvez eu possa participar. Dessa maneira, é bem provável“, comentou o atleta em entrevista ao Globo Esporte em 2019.
Grande responsável por fazer do Brasil uma potência do skateboard, aos 43 anos e tocando diversos projetos, Bob segue sua paixão. Após sofrer por anos com lesões e opióides, que com os efeitos colaterais colocavam ainda mais riscos à sua saúde, o skatista se empenhou em buscar alternativas melhores.
Além do esporte, Bob se dedica a causas próprias, como na parceria com o Chef Alex Atala, na Farma Leaf, que trabalha com o poder das plantas medicinais.
A marca oferece produtos para cuidados pessoais de alta performance com base em plantas e ingredientes saudáveis, “do solo para a pele”. Um desses ingredientes é a maconha, que desde sempre foi vista com preconceito, na relação entre skatistas e seu uso.
A LUTA É CONTRA A HIPOCRISIA
“É uma luta contra a hipocrisia, parar de besteira, é uma coisa que já era para termos ultrapassado, estamos em 2020, e a gente vê o atraso, a lei pela ignorância. Não é só a cannabis”, comentou o atleta.
O skatista também fez críticas ao sistema de saúde americano, classificando-o como caro e precário, e elogiou o SUS (Sistema Único de Saúde), que segundo ele, é essencial. Além disso, comparou a capacidade de cura das plantas medicinais com remédios convencionais que têm efeitos colaterais devastadores. Bob Burnquist faz, por exemplo, uma comparação entre o uso da maconha e o consumo de bebidas alcoólicas, que, de acordo com ele, é muito prejudicial.
O atleta vive verdadeiros debates virtuais, com o público que ainda não entendeu a potencialidade da cannabis. “Minha luta é abrir a mente das pessoas: ‘Ah, Bob, depois de uma carreira tão bonita você vai botar um asterisco no seu nome?’. Asterisco é anabolizante. Maconha? Esse asterisco pode colocar: sou maconheiro desde sempre, só que hoje tenho um posicionamento profissional. E não tem papa na língua. Falam: ‘medicinal ok, mas e o recreativo? Deixar vagabundo fumando na esquina não aceito’. Por que? Você sai para tomar sua cervejinha e relaxar. Álcool zoa mais. Se me machucar, paro de beber, mas não paro de fumar maconha, porque acelera minha cura. A bebida desacelera e é legal. Maconha é ilegal. Não sou um cara fora da lei, mas tem lei que tem que ser contestada” explicou Bob.
E mesmo diante de tantas críticas infundadas, com argumentos totalmente sem critério, Bob resiste e alerta: “A gente precisa ter mais empatia e solidariedade, não é todo mundo inimigo. A galera confunde partido com facção. Olha a ideologia religiosa, por exemplo… Quanta guerra teve para falar que meu Deus é o certo? A única certeza que a gente tem nessa vida, para mim, é o elo cármico. Eventualmente, você paga. Minha crença é de que o cara fez, fugiu, morreu aos 100 anos… Mas vai pagar de alguma forma. E meu posicionamento é de solidariedade, de igualdade”, completa o atleta.
É preciso mais empatia e solidariedade entre as pessoas, além de não enxergar o outro como um inimigo, ainda mais quando se trata de cannabis e todas as informações disponíveis sobre o tema.
Além das revoluções olímpicas relacionadas ao empoderamento, as novas modalidades e até a consciência ambiental praticada em diversas estancias do evento, a liberação do uso de CBD pela primeira vez na história das Olimpíadas vem de encontro com toda a causa de Bob, que em 2019 já praticava o ativismo a favor dessa medicina. Estamos com você Bob.