A larica é um dos efeitos mais conhecidos ao consumir maconha. 

O aumento de fome e insaciabilidade ao fumar um baseado, por exemplo, é explicado por conta da ação do THC no nosso sistema endocanabinóide, ativando o receptor CB1. Com isso, além dele aumentar nossa capacidade olfativa (fazendo sentir mais o cheiro e o sabor dos alimentos), o THC também suprime os inibidores de apetite. Por isso a gente sente aquela vontade de comer coisas gostosas e parece que a fome não acaba nunca. 

Inclusive, existem muitos tratamentos que fazem uso da cannabis exatamente para aumentar o apetite dos pacientes que sofrem com a inapetência. 

Mas, um estudo recente descobriu um canabinóide que pode causar o efeito inverso: tirar a fome. 

”Super-canabinóide”

O Tetrahidrocanabivarina (THCV) atua de maneira contrária ao THC: ele bloqueia o receptor CB1, suprimindo o apetite. Já foram comercializados medicamentos inibitórios desse receptor, mas a maioria já foi retirada do mercado devido aos efeitos colaterais graves.

A descoberta desse canabinóide, natural, mas raro, tem chamado a atenção da área medicinal, já que, além das suas propriedades para a saúde, não causa efeitos colaterais negativos, segundo um estudo publicado pela Universidade de Oxford.

Encontrado na planta cannabis, o THCV parece suprimir o apetite, aumentar a saciedade, e regular o metabolismo. Com as descobertas recentes, o THCV já tem sido usado como medicamento para emagrecimento, gerenciamento de obesidade e para pacientes diabéticos tipo 2, segundo o Biomed Central’s Journal of Cannabis Research.

Em estudo realizado para entender os efeitos desse canabinóide, o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos descobriu que o THCV levou à perda de peso dos participantes: 61% sentiram diminuição da fome e 40% sentiram menor ansiedade em comer. 

Os pesquisadores afirmam, em resposta ao portal Yahoo Finance, que o maior objetivo do estudo foi identificar o poder global do sistema endocanabinóide. Os resultados apontam para efeitos além da perda de peso e supressão do apetite e incluem impactos nos níveis de estresse, sono e níveis de açúcar no sangue. E complementam que, apesar de todas as descobertas, ainda existem muitos pontos a serem estudados sobre como as interações entre os canabinóides e o sistema endocanabinóide levam a melhorias na saúde. 

De maneira complementar, outros estudos já apontam evidências de que o THCV apresenta grande potencial em tratamentos para dependência de nicotina e também para melhorar a ansiedade, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), podendo até prevenir ataques de pânico

A Revista Britânica de Farmacologia também publicou um estudo mostrando que esse canabinóide pode ter efeitos anti-psicóticos, ajudando no tratamento de esquizofrenia. 

Raridade

Apesar de todos os benefícios e promessas para a saúde, o THCV é difícil de ser encontrado. 

Segundo uma reportagem do LA Weekly, até recentemente, a única maneira de conseguir esse canabinóide era através de flores de cannabis que o produziam naturalmente. E o único ”tipo de cannabis” que atendia esse requisito eram Sativas originárias da África.

Alguns pesquisadores foram até o Congo para encontrar essas strains específicas e descobriram que, de fato, os locais já as utilizavam para prevenir a fome e aumentar a energia. 

Atualmente, com a possibilidade de extrações e reprodução das strains, é um pouco mais acessível conseguir o THCV. Algumas strains criadas que já possuem níveis de THCV são: Doug’s Varin, Durban Poison, Pineapple Purps, e Willie Nelson. 

Entretanto, quanto maior o nível de THC, menor os efeitos do THCV, exatamente porque eles agem de maneira contrária. 

Assim, para conseguir os benefícios de perda de peso do THCV, são necessárias altas quantidades e é preciso isolar ele do THC. Isso tem sido feito em laboratório, mas a produção desse canabinóide ainda é cara. Portanto, seu acesso ainda é restrito e é difícil encontrar produtos com THCV.

E para quem ficou curioso se esse canabinóide ”chapa”: não, pelo menos não em doses baixas, é o que os pesquisadores dizem. 

Apesar disso, esse canabinóide tem ganhado proeminência e parece ser a nova promessa da área medicinal. 

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