Há muito tempo, quando apenas as genéticas tradicionais (landrace genetics) existiam no gênero Cannabis, os termos Cannabis Sativa L. e Cannabis Indica Lam. foram criados para identificar essas duas espécies da família Cannabaceae.
Hoje, esses termos taxonômicos foram encurtados para Sativa e Indica, mas eles ainda podem ser confusos – e, às vezes, bastante enganosos.

As diferenças entre essas duas espécies são extensas: desde a aparência da planta, como ela cresce, até como seus efeitos são experimentados quando consumida. Mas por que essas diferenças existem?
E, hoje em dia, com um maior número de strains surgindo a partir de cruzamentos de diferentes cepas, ainda é possível encontrar Sativas e Indicas ou são todas Híbridas?
Diferenças
A principal diferença na evolução entre Sativas e Indicas é que as Sativas se desenvolveram para aproveitar o ambiente úmido, criando caules finos, e folhas longas e estreitas, para promover uma melhor respiração.

As Indicas, por outro lado, se desenvolveram para sobreviver em climas mais secos e áridos, evoluindo para plantas curtas, com folhas grossas, projetadas para minimizar a perda de água pela respiração.

Portanto, há milhares de anos, verdadeiras ”raças Indicas” (Indicas landraces), como a baixa e atarracada Afghanica, podiam ser encontradas em altitudes mais elevadas, onde o ar era rarefeito e fresco, e a água escassa.
Enquanto isso, nos vales abaixo, estavam as Sativas, crescendo altas e esguias nas áreas de floresta úmida.
Alguns exemplos dessas plantas originais (pure landraces), que atendem às características acima descritas são:
Sativas
- Thai
- Burmese
- Pakistani
- Mexican
Indicas
- Afghanica (Afghani)
- Hindu Kush
- Moroccan/Ketama
Cultivo atual
Hoje, os cultivadores de maconha utilizam as características evolutivas das Indicas e Sativas para aumentar sua produção, dependendo do ambiente de cultivo fornecido.
Os cultivadores indoor, que contam com menos espaço, acabam optando por Indicas, que são plantas mais curtas.
Os cultivadores outdoor, por contarem com um clima mais quente e úmido do que o indoor, acabam escolhendo as Sativas, que respiram melhor.
Mas isso não significa que cultivos indoor devem apenas cultivar Indicas, e outdoor, Sativas. A questão é que a forma como elas evoluíram, fizeram elas se adaptarem a condições como as descritas acima.

Mas ambas têm condições de crescer indoor e outdoor. Inclusive, as Indicas cultivadas externamente são mais resistentes a pragas no jardim, enquanto um cultivador indoor pode descobrir que as Sativas finas são mais resistentes a fungos, que são mais comuns de acontecer no indoor.
Tudo depende das condições ambientais do espaço de cultivo e das características individuais das variedades escolhidas pelo produtor. E, mesmo assim, o resultado não é tão previsível quanto pode parecer, uma vez que todo genótipo tem a possibilidade de exibir novos traços (ou fenótipos) que podem variar imensamente do normal, quando as plantas são cultivadas em condições às quais não estão acostumadas. Em outras palavras, o que você vê com Indica e Sativas nem sempre é o que você obtém.
Híbrida: Sativa dominante ou Indica dominante
Com o passar do tempo, cultivadores foram cruzando diferentes tipos de cepas, originando as Híbridas.
O termo “Híbrida” gera muita confusão, uma vez que qualquer planta que não seja uma landrace original 100% pura – extremamente raras hoje em dia – é tecnicamente uma cepa híbrida.
Dessa forma, os termos ”Sativa dominante” e ”Indica dominante” entraram em cena para facilitar o entendimento sobre as strains.
Nas Cannabis Cups, por exemplo, a High Times estabeleceu que para ser Sativa dominante ou Indica dominante, uma strain deve atender à proporção 70:30 (ou seja, para ”Sativas dominantes” 70% da strain deve ser Sativa, e 30%, Indica. O oposto se aplica para as ”Indicas dominantes).
Qualquer cepa que tenha uma proporção 60:40 ou 50:50 é considerada Híbrida.
Exemplos de Híbridas-Sativa dominantes:
- Haze
- Blue Dream
- Strawberry Cough

Exemplos de Híbridas-Indica dominantes:
- Hash Plant
- Blueberry
- Girl Scout Cookies

Efeitos das Sativas vs. Indicas
E quanto aos diferentes efeitos que você obtém ao consumir Indicas e Sativas? Quão determinantes são esses efeitos baseados na classificação Indica x Sativa, se as condições ambientais podem variar tanto cultivo para cultivo?
É aqui que tudo começa a ficar complexo.
Muitos usuários sentem os efeitos das Sativa como uma forte onda cerebral e sensações que deixam para cima. Enquanto os efeitos da Indica são mais corporais, podendo deixar o consumidor preso no sofá.
Mas esses efeitos não podem ser atribuídos diretamente às diferenças entre essas duas espécies.
Especialistas afirmam que os termos Sativa e Indica só são válidos para descrever as características físicas da variedade de cannabis.
Ou seja, essas categorias não são tão confiáveis para determinar os efeitos.
O que explica as diferenças no efeito psicoativo entre Sativas e Indicas são o conjunto de terpenos e canabinóides de cada uma. Por exemplo, os níveis elevados de mirceno na Indica, em comparação com a Sativa, causam efeitos mais de ”preguiça”.

Portanto, o que muitos de nós pensamos sobre Indicas x Sativas não é necessariamente verdade: o THC, que é tipicamente associado às propriedades psicoativas da cannabis, não é o único fator em ação para nos deixar chapados.
Portanto, o efeito entourage é uma explicação muito melhor para as diferenças psicoativas entre as strains.
No Who is Happy, você pode fazer um diário das strains que você consumiu e como você se sentiu com cada uma. Seu ”diário canábico” é pessoal e você pode acompanhar seu consumo de maconha, entendendo os efeitos que cada cepa causaram em você! Baixe o app (disponível para Android e iOS) ou crie seu perfil no website.
Fonte: High Times