O Ministério da Saúde e Bem-Estar da Jamaica criou uma música e anúncios em ônibus para acabar com os mitos negativos sobre a cannabis e promover os benefícios medicinais da erva.

O governo jamaicano lançou uma campanha publicitária chamada “Good Ganja Sense”, a fim de levar informação sobre a erva para a população.
A Ministra da Saúde e Bem-Estar decidiu criar a campanha como uma tentativa de legitimar e promover a crescente indústria da maconha para fins medicinais do país caribenho.
A ”Good Ganja Sense” inclui um jingle, anúncios em ônibus e um website informativo.
Os anúncios levam dizeres como: “Queime os mitos da ganja: nem tudo que você ouve sobre a ganja é verdade” e “Vá com a ciência: nossos cientistas estão aprendendo mais sobre a ganja”.
O site da campanha desmascara mitos comuns como: a maconha torna as pessoas preguiçosas, reduz a contagem de espermatozoides, pode causar overdoses fatais, é uma porta de entrada para drogas mais perigosas.
Segundo o Ministério de Saúde e Bem-estar, o site “tem diversos recursos que certamente vão estimular mais a conversa sobre a ganja”.
O governo espera que o site tenha um impacto de longo alcance no diálogo nacional em torno da ganja, uma vez que, com a tecnologia, a sociedade não se limita mais ao que é dito nas famílias ou nas comunidades.
“Estamos em um mundo digital onde as pessoas encontram informações por si mesmas, e as informações podem ser falsas ou muito verdadeiras, dependendo para onde vão”, destacou a Ministra.
“A ganja não será mais sustentada pelo que foi transmitido por meio de tradições orais e contos antigos, mas por informações baseadas em fatos que agora estão disponíveis na ponta dos dedos. Também sabemos muito bem os males e emoções associados à Internet – muitas informações falsas sobre saúde foram disseminadas por toda a parte através da tecnologia, mas hoje podemos disponibilizar as informações certas”, complementa.

A situação legal da maconha na Jamaica
A maconha é utilizada de forma ritualística pela religião Rastafári há bastante tempo. O rastafarianismo, por sua vez, tem sua expressão mais forte no país caribenho. Mesmo assim, existe muita desinformação sobre a erva na Jamaica.
Com isso, o governo vem tentando retirar o estigma dos demais usos da planta.
Em 2015, através da Lei de Alteração das Drogas Perigosas, a Jamaica legalizou a cannabis para fins medicinais e descriminalizou a posse de quantias pessoais abaixo de 60 gramas, além de ter eliminado as condenações menores por posse de cannabis.
Em 2018, Andrew Wheatley, Ministro da Ciência, Energia e Tecnologia, disse que a Jamaica deveria reivindicar as variedades locais de maconha e disse que a erva é “nosso direito de nascença”. No entanto, o cultivo, a venda e o uso de maconha para uso recreativo continuam proibidos.

Alguns observadores acham que a nova campanha não vai longe o suficiente para desafiar as atitudes da sociedade em relação à maconha.
Vicki Hanson, especialista na indústria de maconha da Jamaica e executiva de varejo da Itopia Life, um dispensário de maconha com sede em Kingston, disse à VICE World News: “É um passo à frente da postura anterior de evitar completamente a ganja. E o governo quer monetizar a indústria e tornar o cultivo um negócio viável. Mas a linguagem ainda é muito proibicionista e trata de como você oficialmente deve usar cannabis para fins médicos.
Precisamos mudar o discurso, ir além e examinar o uso mais tradicional da cannabis e nos certificar de incorporar a essa indústria as pessoas que foram criminalizadas por cultivar cannabis e como seus meios de vida se encaixam nessa mudança. Não queremos ceder muito à imagem corporativa da cannabis”.
Apesar das críticas, a campanha é um primeiro passo para trazer luz (científica) ao debate da maconha e derrubar conceitos distorcidos.
Você acha que uma campanha como a ”Good Sense Ganja” teria quais efeitos no Brasil?
Fonte: Vice