No universo cannábico, as diferentes variedades de maconha são chamadas de strains (ou cepas, em português). Mas o mesmo se aplica ao universo dos cogumelos mágicos?

Cepas

Os cientistas geralmente não gostam do termo ”cepas” ou ”strains” no contexto da cannabis.

Muitos deles afirmam que é um termo errôneo, mas que ganhou força no passado e assim se estabeleceu.

O mais adequado seriam “cultivar”, um termo botânico que se refere a plantas que foram criadas por pessoas para ter características específicas (ou seja, fenótipos).

O termo “quimiovariantes” (do inglês chemovar) também é usado, chamando a atenção para variedades químicas distinguidas pela mistura particular de canabinóides, terpenos ou outros compostos.

Cogumelos mágicos

É importante destacar que existem muitos tipos de cogumelos, mas os principais cogumelos ”psicodélicos” são aqueles que possuem psilocibina, a principal substância que produz os efeitos psicoativos do Reino Funghi e é ativada pelo nosso sistema digestivo.

Diferente da cannabis, cujas ”strains” se originam de uma única espécie, a Cannabis Sativa L., os cogumelos mágicos têm diferentes espécies.

Compostos

Semelhante à cannabis, os cogumelos mágicos tendem a produzir outros compostos que podem influenciar o efeito psicoativo geral.

Principais compostos em cogumelos mágicos:

  • Psilocibina: o composto psicoativo encontrado nos cogumelos mágicos
  • Psilocina: o metabólito ativo da psilocibina (como mencionado, é ativado no nosso sistema digestivo), que induz efeitos psicodélicos.
  • Baeocistina: um análogo da psilocibina, normalmente encontrado em quantidades menores. Existem relatos isolados de que pode ser um alucinógeno mais leve, mas muito pouca pesquisa científica foi feita.
  • Norbaeocistina: outro composto menor associado aos cogumelos mágicos
  • β-carbolinas: Estes compostos são inibidores da monoamina oxidase. As monoamina oxidases são enzimas que quebram certas drogas, incluindo psilocina e DMT. As β-carbolinas são um ingrediente chave na ayahuasca porque tornam o DMT oralmente ativo. Espera-se que eles prolonguem o efeito da psilocina.

Diferentes cogumelos mágicos podem apresentar proporções diferentes de cada composto, assim como a cannabis, na qual cada cepa apresentam diferentes perfis de canabinóides e terpenos.

As espécies dos cogumelos mágicos

Os cogumelos e fungos possuem um reino só deles, o Reino Funghi (no caso da cannabis, esta pertence ao reino Plantae).

No Reino Funghi, existem várias espécies de cogumelos, os mágicos estão dentro do gênero Psilocybe, principalmente, que compreendem aqueles que possuem psilocibina.

Existem cogumelos psicodélicos fora do gênero Psilocybe, mas são menos conhecidos ou contêm agentes psicoativos além da psilocibina (por exemplo, Panaeolus cyanescens e Amanita muscaria).

Semelhante à Cannabis, diferentes ”variedades”/espécies de Psilocybe podem diferenciar bastante em suas características fenotípicas (por exemplo, aparência física, habitat ideal, resiliência).

Elas também variam muito em potência, algumas espécies do gênero Psilocybe possuem altas concentrações de psilocibina, outras menos.

Como identificá-las

Para diferenciar as espécies com psilocibina dos demais cogumelos, basta observar se os cogumelo apresenta uma coloração azulada ao danificá-lo, ainda que minimamente.

A presença da cor “azul” é usada como um dos principais indicadores de que uma espécie de cogumelo contém psilocibina.

Esse efeito ocorre depois que o cogumelo foi fisicamente danificado e exposto ao ar, levando a reações químicas que quebram a psilocibina e criam novos compostos.

A expressão do ”azulamento” depende da proporção de psilocibina para psilocina no cogumelo, bem como dos níveis de outras enzimas.

É possível que alguns cogumelos mágicos contenham uma dose psicodélica de psilocibina/psilocina mas não expressem a cor azul ao ser danificado.

Portanto, embora essa mudança de cor possa ser um recurso para diferenciar os cogumelos mágicos, pode não ser tão confiável em relação à potência.

Espécies de Psilocybe

Como mencionado, os cogumelos mágicos são divididos em espécies e cada espécie pode possuir diferentes ”cepas”, ainda que não seja a terminologia correta.

A maioria das espécies dos cogumelos mágicos estão dentro do gênero Psilocybe:

Psilocybe cubensis

Psilocybe cubensis é a espécie mais comum de cogumelos com psilocibina.

Semelhante a diferentes cepas de Cannabis, todas pertencentes à mesma espécie (Cannabis Sativa L.), existem muitas cepas de P. cubensis. Eles podem diferir em termos de características físicas, características de crescimento e potência. Essas diferenças geralmente estão vinculadas aos ambientes específicos aos quais cada um se adaptou.

Apesar de suas diferenças, a maioria das linhagens de P. cubensis são consideradas as melhores ​​para iniciantes.

Em termos de potência, eles tendem a ter níveis médios-altos de psilocibina. Eles são encontrados em todo o mundo e prosperam em climas quentes e úmidos (geralmente nos trópicos). É aquele cogumelo encontrado no esterco bovino, aqui no Brasil.

Algumas das cepas cubensis mais comuns:

  • B+
  • Golden Teachers
  • Costa Rica
  • Penis Envy
Psilocybe semilanceata

Esta espécie está entre os cogumelos Psilocybe selvagens mais difundidos no mundo, com potência comparável ao P. cubensis.

Ao contrário do cubensis e outros cogumelos nativos dos trópicos, o semilanceata pode ser encontrado em climas mais temperados na Europa, América do Norte, Canadá e certos lugares no Hemisfério Sul (por exemplo, Nova Zelândia, Chile).

Psilocybe cyanescens

O P. cyanescens é frequentemente considerado o cogumelo de psilocibina mais potente. Eles podem ser encontrados em estado selvagem no noroeste do Pacífico dos EUA, bem como na Europa Central.

Eles gostam de crescer em detritos lenhosos.

Psilocybe Mexicana: Teonanacatl

Como o próprio nome sugere, esta espécie cresce no México. Como muitos cogumelos, brota seus corpos frutíferos durante a estação chuvosa e é mais comum nos estados mexicanos de Oaxaca, Michoacán e Puebla.

Esta espécie cresce em altitude mais elevada do que a maioria das outras espécies de Psilocybe e pode ser encontrada em áreas musgosas, florestas decíduas, prados e solos ricos em estrume (embora não cresça diretamente em esterco).

Seu outro apelido, Teonanacatl, significa “carne dos deuses”.

Acredita-se que o P. mexicana é o cogumelo usado ritualisticamente pelos astecas.

Foi também a espécie originalmente enviada a Albert Hoffman, o químico que primeiro sintetizou o LSD, na década de 1950. Ele o usou para isolar a psilocibina.

Psilocybe azurescens

Esta espécie é conhecida por muitos nomes informais: Discos Voadores, Anjos Azuis, Corredores Azuis ou Azzies.

Eles são nativos da costa oeste dos EUA e encontrados principalmente no delta do rio Columbia devido à sua preferência por solos arenosos.

Psilocybe stuntzii

Batizada com o nome do micologista Daniel Stuntz, da Universidade de Washington, esta espécie tende a ter níveis mais baixos de psilocibina e pode não ficar muito azulada.

É mais comum ao noroeste do Pacífico dos Estados Unidos, esta espécie pode ser encontrada perto de gramados mais antigos, muitas vezes em estruturas urbanas, como parques, igrejas, prédios governamentais e escolas.

Psilocybe baeocystis

Outra espécie encontrada principalmente no noroeste do Pacífico dos EUA, o habitat desta espécie é semelhante ao P. suntzii e pode ser encontrado em solos bem adubados ou cobertura morta com uma mistura de grama antiga.

Ele pode apresentar a coloração azul bem forte, quando manuseado.

Psilocybe pelliculosa

Encontrado principalmente no noroeste do Pacífico dos EUA e Canadá, esta espécie cresce em aglomerados ao longo de trilhas ou estradas em florestas de coníferas.

Muitas vezes é confundido com Psilocybe semilanceata, embora este último possa ser distinguido pelo chapéu de forma um pouco diferente.

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Fonte: Leafly

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