Eu sempre lutei por um mercado da cannabis que se relaciona de forma diferente com o mercado de trabalho, que entende a diversidade e as causas que estão presentes nessa jornada da legalização.
Talvez esteja totalmente errado por achar possível um caminho mais justo e correto para todos envolvidos na cadeia de produção, distribuição e consumo de uma medicina tão poderosa como a cannabis.
Hoje já tenho algumas dúvidas se isso vai se concretizar no Brasil, porque tenho visto empresas se formando que não têm nenhuma relação com esses princípios (princípios que, para mim, são essenciais no mundo em que vivemos hoje).
Acho errado e bem feio ver empresas canábicas focando em retornos astronômicos. Vejo investimentos altos, que fazem o foco ser somente em retornos absurdos, que não condiz com o mundo que quero deixar para os meus filhos.
Talvez eu seja um ”tiozão” idealista, que ainda pensa em transformar o mundo em um lugar melhor, e ao mesmo tempo buscando sempre um ideal lucrativo, em que todas as partes envolvidas possam ter um retorno financeiro justo para seu trabalho.
Tão bonito de se ver o histórico de lutas que tivemos (e ainda temos) na área canábica, os impactos que causamos, reconhecer as personalidades que deram suas vidas pela legalização, e ver como entenderam as oportunidades e souberam trabalhar com responsabilidade e respeito. Não gostaria de ver isso se perder em meio aos grandes investidores, que nem ao menos foram capazes de consumir cannabis, que não entendem a revolução verde que estamos vivendo.
Sim, estamos em um mercado lucrativo, com grandes retornos financeiros, e os grandes investidores estão vendo isso de perto, mas também precisamos manter nosso foco em fazer que essas pessoas entendam o histórico de luta relacionado à cannabis, o preconceito que tivemos que enfrentar, o caminho que tivemos de abrir, para que a legalização se torne uma realidade ao redor do mundo.
Espero não perder essa luta por um mercado da cannabis mais justo, mesmo sabendo que vai ser uma tarefa difícil mudar a mentalidade de homens engravatados, que estão em busca de notas verdes e não de um medicamento acessível.
Eu ainda acredito na possibilidade do mercado da cannabis se transformar em um movimento que pode ser referência para outros mercados, que pode apresentar como deve se estabelecer uma relação humana, em que todos os envolvidos tenham um retorno satisfatório e justo.