Com a conscientização sobre prevenção do suicídio, entenda o papel da maconha na depressão (principal causa do suicídio).

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Depressão

Depressão é um termo abrangente para uma série de transtornos de humor que podem afetar a saúde mental.

Especialistas apontam que pode ser causada pela interação de diferentes mecanismos. Diversos fatores, tanto dentro como fora do corpo, podem desencadear a depressão, incluindo fatores genéticos, fatores ambientais, inflamação no cérebro e outros.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é uma das causas mais comuns de distúrbios da saúde mental. O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram com depressão no mundo, e cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano, sendo que a depressão é o transtorno que mais está associado ao suicídio. 

A depressão é um transtorno comum, mas sério, que interfere na vida diária, capacidade de trabalhar, dormir, estudar, comer e aproveitar a vida. É causada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. 

Existem vários tipos de tratamentos eficazes para depressão, que visam melhorar a qualidade de vida de quem sofre com esse problema e, acima de tudo, buscam evitar o suicídio. 

Em 2014 foi criada a campanha ”Setembro Amarelo” pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Centro de Avaliação da Vida (CVV). A campanha tem como objetivo conscientizar a população sobre a prevenção do suicídio, e também reforça o debate sobre saúde mental. 

Cannabis e depressão

A relação entre cannabis e depressão é complexa. Para alguns consumidores, a cannabis pode melhorar o humor, contribuindo para aliviar sintomas relacionados à depressão; para outros, a cannabis pode piorar os sintomas depressivos.

Ensaios clínicos sobre o tema são escassos, por isso atualmente é difícil tirar conclusões decisivas sobre se a planta é útil ou prejudicial para indivíduos com depressão.

Mas, à medida que novos estudos surgem, fatores como dose de cannabis, canabinóides específicos e padrões de uso parecem ser determinantes para entender a relação entre maconha e depressão.

O que se sabe até agora…

Embora os fatores que podem contribuir para a depressão sejam muitos, o sistema endocanabinóide (SEC) pode estar envolvido.

O SEC é uma rede de sinalização neuroquímica que se estende por todo o corpo, ajudando a manter a função saudável de processos como sono, memória, humor e apetite. Mantém o corpo em equilíbrio.

Os fitocanabinóides (encontrados na planta) atuam no nosso organismo através do SEC. É por isso que a maconha pode influenciar humor, apetite, sonolência…

Por mais que ainda não sabemos tudo sobre o sistema endocanabinóide, um fato é que seu bom funcionamento contribui fortemente para a saúde mental.

Descobertas recentes sugerem que o SEC pode desempenhar um papel crítico na depressão. Por exemplo, um estudo descobriu que mulheres diagnosticadas com depressão tinham níveis alterados de endocanabinóides em comparação com participantes sem depressão.

Em outro estudo, os receptores CB1 (uma parte do sistema endocanabinóide, pelo qual o THC comumente se liga) de roedores foram removidos por meio de modificação genética, e os animais foram incapazes de sentir alegria e prazer.

Os pesquisadores também descobriram que os animais tinham maior probabilidade de desenvolver outros sintomas associados à depressão.

Maconha ajuda ou atrapalha?

Um grande estudo de 2020 enfatizou que, embora esteja claro que os canabinóides e terpenos encontrados na cannabis podem fornecer um efeito antidepressivo, nenhum estudo controlado randomizado foi realizado investigando esse resultado.

Em suma, atualmente não há evidências clínicas robustas que sugiram que a cannabis possa ser um tratamento eficaz para a depressão.

Porém, evidências anedóticas entre consumidores da erva apontam que o uso da cannabis ajuda com a melhora de humor.

Em uma meta-análise recente (uma grande análise dos resultados de vários estudos científicos), 34% dos participantes relataram usar cannabis para tratar a depressão e o mau humor.

Um estudo da Washington State University examinou como a cannabis combate o estresse, a ansiedade e a depressão, observando diferentes cepas e quantidades de cannabis sendo inaladas por pacientes em casa.

O trabalho, publicado no Journal of Affective Disorders, sugere que consumir a cannabis vaporizada (como no baseado, pipe ou bong) pode reduzir significativamente os níveis de curto prazo de depressão, ansiedade e estresse. Mas, no caso da depressão, pode piorar sentimentos gerais atrelados a essa condição no longo prazo.

Uma outra pesquisa também sugere que o uso prolongado ou pesado de cannabis também pode aumentar a probabilidade de desenvolver depressão. Mas isso não significa que todos os usuários de cannabis de longo prazo ou usuários pesados ​​desenvolverão depressão: outros fatores como sexo, genes, tolerância e circunstâncias pessoais também desempenham um papel contribuinte.

Outras pesquisas investigaram, ainda, se o uso da erva pode levar à depressão ou se essa condição leva ao uso da maconha. As descobertas mostram que ambas as situações podem acontecer.

Dosagem, canabinóides e terpenos

Como mencionado acima, a frequência de uso, a quantidade usada, as concentrações de canabinóides e até os terpenos presentes podem influenciar se a cannabis contribui para os sintomas depressivos ou ajuda a aliviá-los.

Em relação à dosagem, vale a pena notar que as doses não afetam a todos da mesma maneira – fatores como tolerância pessoal, metabolismo e até o que você comeu no almoço podem influenciar significativamente sua resposta à cannabis.

O estudo da Washington State University, trazido acima, aponta que uma tragada de cannabis rica em CBD e baixa em THC era ideal para reduzir os sintomas de depressão

Em alguns indivíduos, doses muito altas de THC podem aumentar a depressão, a ansiedade e o humor negativo. Por outro lado, baixas doses podem reduzir a ansiedade e a percepção de estresse.

Dados preliminares também indicam que o CBD sozinho pode oferecer benefícios terapêuticos no tratamento de sintomas de depressão.

Por fim, os terpenos também podem contribuir para os efeitos antidepressivos da planta. Muitos terpenos comuns de cannabis, como β-cariofileno e mirceno, já estão associados a efeitos anti-ansiedade. A ansiedade muitas vezes anda de mãos dadas com a depressão.

Há também evidências de que vários outros terpenos podem aliviar os sintomas depressivos. Em um estudo em que certos terpenos de cannabis foram comparados à fluoxetina, um antidepressivo amplamente utilizado, o linalol e o β-pineno produziram um efeito semelhante ao antidepressivo em camundongos.

Como muitas pesquisas ainda são inconclusivas, sobretudo porque faltam ensaios clínicos, o ideal é sempre procurar um médico especialista.

É imprescindível estar sempre [email protected] à saúde mental, buscar apoio e tratamentos adequados para cada caso.

Fonte: Leafly

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