K2, K4, K9, Spice ou até Space são substâncias sintéticas que surgiram na tentativa de produzir efeitos semelhantes à cannabis.

(Imagem: reprodução Science Direct)

Segundo o Alcohol and Drug Foundation, os canabinóides sintéticos (também chamados de ”maconha sintética” e popularmente k2, k4, k9, Spice, Space) são uma nova substância psicoativa (New Psychoactive Substance – NPS) que foi originalmente projetada para imitar ou produzir efeitos semelhantes à cannabis.

Essas substância sintéticas começaram a ser vendidas em 2004.

Mas, na realidade, essas drogas não são uma forma sintética de cannabis porque sua composição química falhou em imitar os efeitos do THC. Elas produzem vários efeitos negativos que não são originalmente causados pela cannabis.

Por esse motivo, o termo ”maconha sintética” está incorreto.

O termo correto para essas substâncias é ”agonistas de receptores canabinóides sintéticos” (Synthetic Cannabinoid Receptor Agonists – SCRAs) – mas, para simplificar, especialistas têm usado o termo canabinóides sintéticos.

Como a composição química dessas substâncias é desconhecida e pode mudar de lote para lote (principalmente pelo fato de não ter procedência e serem sintéticas), é provável que esses produtos contenham outras substâncias que causam efeitos adversos graves.

Os efeitos mais comuns relatados são:

  • relaxamento
  • euforia
  • alucinações
  • perda de coordenação
  • batimentos cardíacos rápidos e irregulares
  • pensamentos descontrolados ou confusão mental
  • agitação, ansiedade e paranóia
  • comportamento agressivo e violento
  • desmaios
  • vômito
  • dificuldades respiratórias

Esses ”canabinóides sintéticos” causam dependência e podem levar à overdose.

K4 no Brasil

Os canabinóides sintéticos são produtos químicos em pó que geralmente são misturados com solventes e pulverizados em ervas ou até mesmo em papel (nesse caso consumidos de forma sublingual).

A matéria-prima para a fabricação da droga chega ao Brasil pelo contrabando ilegal em portos, aeroportos e fronteiras terrestres. Ela vem da Ásia, de partes da Europa e do norte da África em pequenas pedras que se assemelham a sais de banho. Uma vez no País, são “cozinhadas” em laboratórios normais “de fundo de quintal” até serem transformadas em um líquido transparente, que é borrifado em determinados papéis, assim como o LSD.

Uma folha de tamanho A4 pode conter até 1,2 mil micropontos ou selos (equivalentes a doses) ativos da droga.

Pela praticidade de consumo e facilidade de entrar nos presídios (em papéis de carta, livros), essas substâncias invadiram o sistema carcerário brasileiro.

Descobertas em 2018 nos presídios paulistas e comumente chamada de K4, essas substâncias podem ter um efeito até cem vezes mais potente que a planta da cannabis.

O número de apreensões aumentou mais de 2.000% desde 2018 até o ano passado.

Hoje, entretanto, a K4 já ultrapassou os limites das celas e pode ser encontrada na rua, onde um microponto (selo) custa em torno de R$ 30. “Descobrimos que o PCC tinha um caixa exclusivo, com uma equipe de contabilidade apenas para administrar a venda da K4. Em um mês, eles chegavam a lucrar mais de R$ 1 milhão só com essa droga”, afirma o promotor Tiago Dutra Fonseca, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.

O Profissão Repórter, da Globo, entrevistou um usuário da substância, que comentou: “K9 é uma droga sintética que lançaram aí. Droga nova, forte e perigosa. Começou com o K2, que era um papelzinho que entrava no presídio, aí depois saiu para fora”.

Ele complementa: “É tipo um negocinho verde. É parecido com maconha, só que não é maconha. O K9 é igual a uma ervinha. Tem cheiro de erva e tudo. É muito forte. Você fuma, você já cai”.

Um outro jovem usuário afirmou que ”é o crack do futuro, você fuma e fica viciado”.

Nos Estados Unidos, o amplo acesso aos canabinóides sintéticos levou algumas partes do país a anunciarem uma “epidemia” da droga e adotarem medidas para o que logo se tornou uma crise de saúde pública.

Em Nova York, por exemplo, a K2 (ou “spice”) foi tão disseminada com produtos comestíveis, incensos e misturas de ervas que o governo do Estado enrijeceu as proibições contra compostos químicos na tentativa de barrar sua comercialização.

Fontes: Alcohol and Drug Foundation; Centers for Disease Control and Prevention; Globo; National Institute on Drug Abuse; Uol

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