Traduzida como ”erva divina”, a Salvia divinorum possui propriedades alucinógenas e, aparentemente, medicinais.

(Imagem: reprodução ADF)

Existem centenas de espécies de Sálvia, que incluem um grande número de plantas ornamentais e também a Salvia officinalis, usada na culinária.

A Salvia divinorum também pertence a esse gênero, mas se diferencia por ser psicoativa e alucinógena.

Essa planta se encontra na zona montanhosa da Serra Mazateca em Oaxaca, México e sempre foi utilizada de forma ritualística em cerimônias xamânicas mazatecas.

As folhas da planta contêm salvinorina A, uma molécula psicoativa responsável por seus efeitos psicodélicos quando as folhas são mastigadas ou fumadas.

Porém, a Salvia divinorum não é considerada um ”psicodélico clássico”, porque nestes casos a ação neuroquímica se produz principalmente nos receptores da serotonina 2A, sendo este o principal mecanismo responsável pelos efeitos dos psicodélicos sobre a consciência.

A salvinorina A, na realidade, atua sobre o receptor opióide kappa. Portanto, os efeitos da ingestão da sálvia são diferentes dos efeitos de substâncias como a psilocibina e o LSD.

Quais são os efeitos da Salvia divinorum?

O perfil farmacológico dessa planta distingue-se como um alucinógeno único de origem natural, com efeitos dissociativos.

Seus efeitos visuais são caracterizados pela aparição de padrões fractais contínuos, às vezes independentes do ambiente. Os efeitos físicos incluem uma sensação de falta de pertencimento ao corpo e mudanças na sensação de gravidade.

Um participante do primeiro estudo de neuroimagem com sálvia, realizado na Universidade Johns Hopkins, destacou sua experiência: “o primeiro que notei foi a sensação de que meu corpo se dissolveu. Pouco depois de começar a sentir os efeitos físicos, começam as alucinações. Senti como se minha cabeça tivesse sido dividida em dois e uma onde de desenhos começou a fluir nos dois lados da minha face”.

Os efeitos da salvia são intensos e de curta duração. Quando se fuma, os efeitos alcançam seu ponto máximo em um minuto, e geralmente se reduzem a níveis insignificantes em 10 minutos.

Potenciais propriedades medicinais da salvia

Os xamãs mazatecos ainda usam a Salvia divinorum para fins ritualísticos e defendem que a Salvia é uma encarnação da Virgem Maria, portanto, a consideram uma planta sagrada.

Em 1983, pesquisadores da Universidade de Michigan publicaram informações sobre seu trabalho de campo com o povo mazateco em Oaxaca, onde tentaram compreender mais profundamente a planta alucinógena.

Eles observaram que, além de usar a planta de forma sagrada, os mazatecos acreditavam nas propriedades medicinais da sálvia, que era utilizada como diurético, anti-inflamatório e analgésico.

Apesar de serem apenas relatos de uma etnofarmacologia, em 2008, um estudo descobriu que a salvinorina A era eficaz para reduzir a inflamação intestinal em roedores.

A administração do composto aos animais provocou uma redução das contrações intestinais anormais e reduziu o tempo que os alimentos levavam para passar pelos intestinos.

Outro estudo, de 2019, também mostrou os efeitos anti-inflamatórios da Salvia divinorum em roedores, o que sugere que a salvinorina A pode ser útil no tratamento de doenças inflamatórias gastrointestinais.

No entanto, é necessário realizar mais investigações em humanos para comprovar esses efeitos medicinais.

Fonte: El Planteo

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.